LINHA DO TEMPO


800 a 1400 - Tradição Alto-Xinguana

Vestígios arqueológicos de aldeias circulares e cerâmicas indicam a presença de uma ocupação entre os anos 800 e 1400  dos ancestrais dos atuais Aruak xinguanos, que teriam migrado a partir do Ocidente.

O Alto Xingu é a única área na Amazônia brasileira onde pode ser demonstrada com clareza a continuidade da ocupação indígena dos tempos pré-históricos até o presente.

Estabeleceu-se naquele período o padrão cultural da tradição alto-xinguana, reconhecível arqueologicamente por uma indústria de cerâmica distintiva, padrão de aldeamento e aldeias circulares com praça central - que persiste intacto até hoje.

 


1400 a 1600 - Grandes aldeias fortificadas

Entre os anos 1400 e 1600, ergueram-se grandes aldeias fortificadas e cercadas por valetas que envolviam uma superfície de 20 a 50 hectares. Foram as maiores aldeias das terras baixas da América do Sul em tempos pré-históricos.

A partir do trabalho de Heckenberger e de pesquisas sobre história oral (Franchetto, 1992 e 1990), levantou-se a hipótese de que os Karib alto-xinguanos entraram na região na primeira metade do século XVIII, provenientes do leste. A oeste do rio Culuene, eles encontraram povos Aruak. Os povos Tupi chegariam depois.


1639 - Aricará (Souzel)

Padres Jesuítas chegaram na região da atual cidade de Souzel (Pará) e fundaram, juntamente com os indígenas, o aldeamento com o nome de Arucará (ou Aricará).


1650 - Ciclo econômico das drogas do sertão

A foz do Rio Amazonas era uma região onde se praticava intenso escambo com produtos típicos da região, como ervas aromáticas, plantas medicinais, cacau, canela, baunilha, cravo, castanha do pará e guaraná. Esses produtos recebiam o nome de drogas do sertão e eram considerados especiarias na Europa, alcançando excelentes preços nesse período.

Essas atividades tiveram a duração de mais de dois séculos. Com a grande aceitação do chocolate no continente europeu, no final do século XVIII, foram substituídas pela cultura do cacau.
 


1685 - Os Kuruaya

Os Kuruaya foram mencionados nos escritos de padres, viajantes, cientistas e governantes do Pará desde o século XVII.

Em 1685, a expedição de Gonçalves Paes de Araújo, presidente de província, contou com a participação dos indígenas como ajudantes. Os documentos mencionam que eles falavam a língua geral e possuíam cerca de 20 aldeias na região do baixo e médio Xingu.

 


1725 - Ciclo econômico do cacau

A partir de 1725 o cacau amazônico ganha expressão, e cinco anos depois, em 1730, passa a ser o principal produto exportado pela região. Por volta deste período, as rivalidades entre colonos e missionários aumenta, pois o mercado das drogas do sertão era controlado pelos jesuítas. 


1750 - Missão Tavaquara (a história de Altamira)

Na década de 1750, o Padre Roque Hunderfund adentrou o rio Xingu até o Igarapé Tucuruí, posteriormente denominado Vitória.

Ali, fez contatos com indígenas Xipaia e Kuruaya, que lhe guiaram em direção à Volta Grande do Xingu. Ali, escolheram o local de fundação da Missão Tavaquara, cujo aldeamento formou a cidade de Altamira. 


1759 - Expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal

Os jesuítas eram responsáveis pelas missões de evangelização na Amazônia e todas as atividades econômicas e de educação eram controladas por eles.

Eles administravam mais de 100 mil cabeças de gado na Ilha do Marajó, 25 fazendas de cultivo agrícola e criação de gado, três engenhos produtores de açúcar e uma olaria, além da atividade de extração das drogas do sertão nas florestas.


1853 - Navegação a vapor e ciclo da borracha

A navegação a vapor no Rio Amazonas teve início em 1853. Os navios coletavam borracha, facilitando suas exploração e comercialização. Com isso, iniciou-se o primeiro ciclo da borracha no Brasil. 


1874 - Navegação a vapor no Rio Xingu

Nesse período havia sistemas regulares de navegação a vapor nos rios Xingu, Tapajós, Madeira, Jutaí, Javari e Negro. Todas as embarcações coletavam a produção de borracha dos seringais.

 


1884 e 1887 - Karl Von Den Stein

Foram as duas expedições do etnólogo alemão Karl von den Steinen, de 1884 e 1887, que deram aos não-indígenas o conhecimento da existência dos povos do Alto Xingu.

Partindo de Cuiabá e atravessando o rio Paranatinga, no divisor de águas das bacias dos rios Xingu e Tapajós, a equipe alcançou os Baikairi de Paranatinga e manteve breve contato com os Suyá.

Na segunda viagem, a expedição subiu o Kurisevo e deteve-se entre os povos do Alto Xingu. Steinen é lembrado nas narrativas Kuikuro como Kalusi, o primeiro não-indígena (kagaiha) que “veio em paz”, trazendo presentes e bens para trocar. Por meio de seus registros, sabe-se que no final do século XIX viviam mais de três mil índios em 31 aldeias no Alto Xingu.

Após Von den Steinen sucederam-se visitantes à região, como Hermann Meyer (1897, 1898, 1900), Henri Coudreau (1895),  Hintermann (1925), Petrillo (1932) e Max Schmidt (1942). Tais expedições estimularam a procura por instrumentos de metal, como facas, tesouras e machados, e a disseminação de doenças contagiosas entre os xinguanos.


1889 - Proclamação da República

Com o Golpe Militar de 15 de novembro de 1889, que depôs Dom Pedro II, o Brasil deixou de ser um Império. A partir do ato simbólico da Proclamação da República no Brasil, pelo Marechal Deodoro da Fonseca, um novo tipo de regime é estabelecido: o Brasil República.


1900 a 1913 - Marechal Rondon

De 1900 a 1906, Cândido Rondon é nomeado chefe da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas no Estado de Mato Grosso. Ele inicia a construção das linhas que ligariam a capital ao sul do Estado.

Durante essa missão, garante as terras aos indígenas e protege os povos Bororo, Terena, Ofayé e Kadiwéu. Em 1906, foi encarregado de ligar Cuiabá ao território do Acre, recentemente incorporado ao país.

Em 1913, já coronel, acompanha uma expedição que o antigo presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, fez pelo sertão brasileiro.

 

 


1910 - Serviço de Proteção aos Índios (SPI)

Em 1910, Rondon organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios (SPI). O seu principal objetivo era proteger os indígenas dos ataques feitos por não-indígenas, bem como integrá-los à sociedade nacional.

Com a sua fundação, a política indigenista passou a ser de responsabilidade do Estado Brasileiro e não de instituições religiosas, como era desde o período colonial.


1910 a 1913 - Emília Snethlage

Entre 1910 e 1913, Emília Snethlage, chefe da seção de Zoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), realizou expedições à região do Xingu.

A pesquisadora teve os Xipaya e os Kuruaya como informantes, o que permitiu a atualização do conhecimento da situação de contato em que se encontravam os dois grupos. Snethlage estimou que, por volta de 1918, os Xipaya fossem aproximadamente 80 pessoas.


1911 - Fundação de Altamira

Altamira consolidou-se como centro polarizador na região do Rio Xingu. Sua origem oficial esteve diretamente ligada à colonização das Missões Jesuíticas na primeira metade do século 18 e, posteriormente, à extração de borracha que perdurou até a metade do século 20.

A rede urbana da região do Xingu estrutura-se a partir de Altamira.


1912 - Auge da produção da borracha

A migração de grandes contingentes de nordestinos e a ocupação de territórios de forma sedentária para a produção da borracha provocaram profundas alterações na dinâmica da região Amazônica. Em 1880, a região produziu 8.600 toneladas de borracha; em 1911, 44 mil toneladas - 25% do total das exportações brasileiras.

Em 1913, a Amazônia começa a perder o monopólio de produção da borracha. Os seringais plantados pelos ingleses na Malásia, no Ceilão e na África tropical com sementes oriundas da própria Amazônia, passaram a produzir látex com maior eficiência e produtividade. Neste ano a produção brasileira caiu para 36 mil toneladas e em 1918 produziu apenas 22 mil.


1916 a 1919 - Curt Nimuendajú

Entre 1916 e 1919 Curt Nimuendajú realizou trabalho de campo nos rios Xingu, Iriri e Curuá. Em seus relatos, informa que os Kuruaya faziam parte de um grande número de etnias que viviam no baixo e médio Xingu, junto com os Xipaya, Juruna (Yudjá), Arupaí (extintos), Tucunyapé (extintos), Arara e os Asurini.

Por volta de 1896, eles habitavam a floresta na margem oeste do rio Curuá, segundo informações trazidas a Nimuendajú pelos Juruna e Tucunyapé. Também consideravam os tributários da margem direita do rio Curuá - Curuazinho, Bahú e Flechas - como seu território.

Os indígenas dominavam os rios Iriri e Curuá, ao mesmo tempo em que procuravam frear o avanço dos Mebêngôkré/Kayapó, dos Carajá e da frente seringalista. As etnias dessa região foram classificadas por Nimuendajú (1948:213) em três grupos: canoeiros, restritos ao rio Xingu, Iriri e Curuá (Arupaí, Xipaya e Juruna), grupos que vivem na floresta virgem central (Kuruaya Arara, Asurini e Tucunyapé) e o grupo das savanas (Mebêngôkré).


1930 - Decadência da seringa e os beiradeiros

Todo o sistema social da região, especialmente a Terra do Meio, foi profundamente marcado por esse período. Com a decadência do mercado da borracha cria-se uma sociedade cabocla de caráter basicamente agropesqueiro.

Desde então, as longas faixas de várzea do estuário amazônico, assim como as beiras e ilhas do rio Xingu, vêm se constituindo a partir de uma territorialidade cabocla, que tem na pesca, no extrativismo, no cultivo da maniva, na caça, na madeira, entre outras, suas práticas cotidianas.


1943 - EXPEDIÇÃO RONCADOR-XINGU

O presidente Getúlio Vargas organizou, dentro do programa Marcha para o Oeste, a Expedição Roncador-Xingu. Seu nome foi dado em referência à Serra do Roncador, divisor de águas entre o rio das Mortes (Bacia do Araguaia) e o rio Xingu. Além de realizar o reconhecimento oficial das áreas ocupadas pelos povos indígenas, a expedição tinha como objetivo mapear a região central do Brasil e abrir caminhos que a ligassem ao restante do País.

Sabendo disso, os Irmãos Villas-Bôas decidiram participar como sertanejos, mas foram barrados por terem um "alto nível de conhecimento". Eles, então, voltaram tempos depois com barbas por fazer, mal vestidos e fingindo-se de analfabetos. Logo foram aceitos. Cláudio e Leonardo trabalhavam na enxada; Orlando como auxiliar de pedreiro. Com o tempo os irmãos alcançaram postos de comando na expedição.

A instalação dos núcleos urbanos de Aragarças e Xavantina, as respectivas bases aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), juntamente com o processo de contato e dominação dos povos indígenas habitantes da região das cabeceiras do Xingu, criaram condições para se iniciar o processo de ocupação regional. Ainda assim, a ocupação não-indígena só foi intensificada na década de 1970.  


1943 - Fundação Brasil Central

Para atuar na zona a ser percorrida pela Expedição Roncador Xingu foi criada a Fundação Brasil Central (FBC), que tinha como objetivo “o desbravamento e a colonização das regiões do Brasil Central e Ocidental, notadamente a dos altos rios Araguaia e Xingu”. Toda a documentação dos 24 anos da Fundação e da Expedição foi destruída em 1979, quando a Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste) foi criada para substituir a FBC.


1943 a 1945 - Soldados da Borracha

Soldados da Borracha foi o nome dados aos brasileiros que entre 1943 e 1945 foram alistados e transportados para a Amazônia pelo Governo brasileiro, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos, com o objetivo de abastecer reservas para a II Guerra Mundial. Eles são conhecidos como peões do segundo ciclo da borracha e da expansão demográfica da Amazônia. O contingente de homens é estimado em mais de 55 mil.


1946 a 1950 - Primeiras pistas de pouso

Nesse período, ergueu-se uma base da Força Aérea Brasileira em Jacaré, no rio Kuluene, entre a foz do Kurisevo e do Batovi. São abertas as primeiras pistas de pouso nos formadores do Xingu e pesquisadores, funcionários da FBC, médicos, cinegrafistas, entre outros agentes entram na área trazidos por aviões do Correio Aéreo Nacional. A via de acesso por terra, com passagem pelo Posto de Paranatinga, perde a importância. Antropólogos do Museu Nacional, como Eduardo Galvão e Pedro Lima, retomaram a pesquisa etnológica. Etnólogos estrangeiros voltam a pesquisar na área, como Robert Carneiro e Gertrude Dole, entre os Kuikuro principalmente.


1954 a 1965 - Epidemia de Sarampo

Em 1954 ocorre um surto de sarampo que afeta todas as aldeias alto-xinguanas, provocando a morte de 114 pessoas. Dos cerca de 3 mil alto-xinguanos que havia no tempo de Von den Steinen, a população chega a um de seus pontos mais baixos: 574 pessoas. Apesar dos esforços, as condições de saúde ainda continuavam precárias. Em 1965 a população alto-xinguana era de apenas 542 pessoas (Heckenberger, 2001).


1960 - Inauguração de Brasília

A nova capital do Brasil é inaugurada em 21 de abril de 1960.


1961 - Criação do Parque Indígena do Xingu (PIX)

A demarcação administrativa do Parque Indígena do Xingu (PIX) foi homologada em 196 pelo Presidente Jânio Quadros, com área incidente em parte dos municípios matogrossenses de Canarana, Paranatinga, São Félix do Araguaia, São José do Xingu, Gaúcha do Norte, Feliz Natal, Querência, União do Sul, Nova Ubiratã e Marcelândia, no Mato Grosso.

No projeto original, o parque era quatro vezes maior do que viria a ser demarcado. O Governo do Mato Grosso, no entanto, concedeu terras às companhias colonizadoras dentro do perímetro do PIX.

Em 1978, os povos Kaiabi, Ikpeng, Panará e Tapayuna são realocados na porção norte do parque. Sua transferência se deu em diferentes levas, em 1955, 1966 e 1970. A produção agrícola destes povos passou a abastecer os postos Diauarum e Leonardo.


1964 - Início da ditadura militar no Brasil

No dia 1º de abril de 1964, aconteceu o golpe militar. De caráter autoritário e nacionalista, derrubou o governo de João Goulart, o presidente democraticamente eleito.


1967 - FUNAI

A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi criada em 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça. Sua missão é coordenar e executar as políticas indigenistas do Governo Federal, protegendo e promovendo os direitos dos povos indígenas.

A Funai também tem as seguintes atribuições: identificar, delimitar, demarcar, regularizar e registrar as terras ocupadas pelos povos indígenas, promover políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável das populações indígenas e reduzir possíveis impactos ambientais promovidos por agentes externos; garantir o acesso diferenciado aos direitos sociais e de cidadania - como o direito à seguridade social e à educação escolar indígena.


1970 - Programa de Integração Nacional (PIN)

O Programa de Integração Nacional (PIN) criado pelo governo militar brasileiro, planejava ocupar a Amazônia com mão-de-obra nordestina liberada pelas grandes secas de 1969 e 1970. São cunhados os lemas "integrar para não entregar" e "terra sem homens para homens sem terras".

O PIN prevê que 100 quilômetros em cada lado das estradas a serem construídas deveriam ser utilizados para a colonização por cerca de 500 mil pessoas, ou seja, uma meta de assentar 100 mil famílias. A rodovia Transamazônica foi a principal via escolhida para a colonização. Em seu projeto inicial ela cortava o território de 29 grupos indígenas.


1975 - Comissão Pastoral da Terra

A Igreja da Amazônia Legal cria a Comissão Pastoral da Terra (CPT) como um instrumento de organização e dinamização dos pequenos produtores na luta pela garantia em seus direitos de acesso à terra e à produção.


1975 - Eletronorte no Xingu

A recém-criada Eletronorte, subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras), na Amazônia Legal, inicia os estudos de inventário hidrelétrico da bacia hidrográfica do Rio Xingu. O trabalho de mapear o rio e seus afluentes e definir os pontos mais favoráveis para barramentos ficou sob a responsabilidade do Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores S.A., integrante do grupo Camargo Corrêa.


1970 a 1980 - Grandes projetos agrícolas de colonização

Decorrentes das grandes obras de infraestrutura (estradas, hidrelétricas e minerações), entre o período de 1970 a 1990, estabelecem-se na região das bacias dos rios Xingu e Tapajós grandes projetos agrícolas de colonização. Esse processo é o início da implantação do modelo do agronegócio na região.

Em 1973, a empresa colonizadora Integração, Desenvolvimento e Colonização (Indeco S.A) comprou uma área de 400 mil hectares, fundando a cidade de Alta Floresta em meados de 1976.

A Colonizadora Sinop S.A. adquiriu aproximadamente 500 mil hectares de terras ao longo da BR-163 (Cuiabá-Santarém), denominada Gleba Celeste, em 1972. O município de Sinop foi criado em 1976.


1985 - Fim da ditadura militar

O regime militar perdurou até o dia 15 de março de 1985 sob comando de sucessivos governos militares.


1988 - Constituição de 88

A  Constituição de 1988 é um marco em relação às conquistas dos povos indígenas no Brasil. O Artigo 231 pode ser considerado um símbolo desse avanço: "são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".

Compete à União demarcar as terras indígenas. Esse ato não é título de posse nem de ocupação de terras: ela é constitucionalmente exigida no interesse dos índios para proteger seus direitos sem prejudicá-los. Os direitos dos índios sobre essas terras independem de demarcação.

Parágrafo 1º : "São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições".

2º: "As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes".


1989 - Encontro dos Povos Indígenas do Xingu

O Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, realizado em Altamira, em fevereiro de 1989, adquiriu imprevista notoriedade, contando com a maciça presença da mídia nacional e estrangeira e de movimentos ambientalistas e sociais.

Iconicamente, durante a exposição de Muniz Lopes sobre a construção da usina Kararaô, a indígena Mebêngôkré/Kayapó Tuíra levantou-se da plateia e encostou a lâmina de seu facão no rosto do diretor da estatal em um gesto de advertência, expressando sua indignação. A cena foi reproduzida em jornais de diversos países e tornou-se histórica. Na ocasião, Muniz Lopes anunciou que por significar uma agressão cultural aos índios, a usina Kararaô – nome que é um grito de guerra Kayapó – receberia outro nome e não seriam mais adotados termos indígenas em hidrelétricas. A usina foi posteriormente rebatizada com o nome de Belo Monte.


1990 - Faroeste brasileiro

A partir de 1990, por um período de 20 anos, há um grande hiato na expansão ao longo das estradas que atravessam a região das bacias dos rios Xingu e Tapajós. Os projetos agrícolas regrediram, muitos colonos migraram e a exploração dos interesses econômicos se transformou em espoliação: intensificou-se a extração ilegal de madeira da floresta, o desmatamento, as queimadas, a pecuária e o garimpo.

O aumento de fazendeiros e grileiros em busca de concentração fundiária e a abertura da rede de estradas clandestinas na região do Xingu/Iriri possibilitou o acesso às terras mais remotas, invadindo terras indígenas e Unidades de Conservação.

 


1991 - Demarcação das TIs Arara, Capoto Jarina e Kayapó

Homologação da T.I. Arara, habitada pelos Arara.

Homologação da T.I. Capoto Jarina, habitada pelos Mebêngôkre/Kayapó, Mebengôkré/Kayapó Metyktire e Tapayuna.

Homologação da T.I. Kayapó, habitada pelos Mebêngôkre/Kayapó, Mebêngôkre/Kayapó Gorotire, Mebêngôkre/Kayapó Kôkraimôrô e Mebêngôkre/Kayapó Kuben Kran Krên.


1992 - Rio 92

A Rio 92 proporcionou um momento de articulação e aliança entre movimentos sociais e organizações não-governamentais ambientalistas junto ao Governo brasileiro para mobilização de investimentos internacionais cujo objetivo era a expansão das Unidades de Conservação e a demarcação das Terras Indígenas.


1993 - Demarcação T.I. Menkragnoti

Homologação da T.I. Menkragnoti, habitada por isolados Mengra Mrari e Mebêngôkre/Kayapó Mekrãgnoti.


1994 - Fundação da Atix

A Associação Terra Indígena Xingu (Atix) foi fundada em 1994, segundo a decisão das lideranças xinguanas, que, reunidas no Posto Indígena Diauarum, decidiram criar sua própria organização indígena que representasse legalmente o interesse das comunidades do Parque Indígena do Xingu (PIX) perante os órgãos públicos e privados, em busca de apoio para atender a uma parte das necessidades das comunidades xinguanas. A Atix, desde a sua fundação, atua na área de fiscalização da fronteira do PIX, transporte, saúde e educação, buscando também gerar alternativas econômicas para as comunidades, como a venda de artesanato e mel, valorizando a cultura dos povos xinguanos.


1996 - Demarcação T.I. Arawetê, Trincheira Bacajá, Koantinemo

Homologação da T.I. Arawetê/Igarapé Ipixuna, habitada pelos Araweté.

Homologação da T.I. Trincheira Bacajá, habitada pelos Mebêngôkre/Kayapó, Mebêngôkre/Kayapó Kararaô e Xikrin (Mebêngôkre).

Homologação da T.I. Koantinemo, habitada pelos Asurini do Xingu.


1998 - Demarcação T.I. Batovi, Wawi, Kararaô e Flona Altamira

Homologação da T.I. Batovi, habitada pelos Wauja.

Homologação da T.I. Wawi, habitada pelos Kisêdjê e Tapayuna.

Homologação da T.I. Kararao, habitada pelos Mebêngôkre/Kayapó e Mebêngôkre/Kayapó Kararaô.

Criação da Flona de Altamira - Unidade de Conservação de Uso Sustentável.


2003 - Proposta Terra do Meio

Apresentação da Proposta de Mosaico de Áreas Protegidas da Terra do Meio.

Homologação da T.I. Badjônkore, habitada pelos Mebêngôkre/Kayapó e Mebêngôkre/Kayapó Kuben Kran Krên.


2004 - Y I katu Xingu

Início da campanha Y Ikatu Xingu, movimento pela recuperação e proteção das nascentes do Rio Xingu, que tem como base o conceito da responsabilidade socioambiental compartilhada - em que todos os envolvidos entendem o Rio Xingu como um bem comum e lutam por sua preservação. Y Ikatu Xingu significa “salve a água boa do Xingu” na língua Kamaiurá.

Criação da Resex Riosinho do Afrísio - Unidade de Conservação de Uso Sustentável.

 


2005 - Assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang

A freira Dorothy Stang, que defendia o direito de pequenos produtores e extrativistas foi morta por pistoleiros a mando de fazendeiros no município de Anapu (PA).

- Criação da ESEC (Estação Ecológica) da Terra do Meio - Unidade de Conservação de Proteção Integral.

- Criação do PARNA (Parque Nacional) da Serra do Pardo - Unidade de Conservação de Proteção Integral.

- Criação da REBIO (Reserva Biológica) Nascentes da Serra do Cachimbo - Unidade de Conservação de Proteção Integral.


2006 a 2008 - Demarcação de diversas TIs e criação de UCs

2006 

Criação da Resex (Reserva Extrativista) do Rio Iriri  - Uso sustentável.

Criação da Flona (Floresta Nacional) do Trairão - Uso sustentável.

Criação PARNA (Parque Nacional) do Jamanxim - Proteção integral.

Criação da FES (Floresta Estadual) do Iriri - Uso sustentável.

Homologação da T.I. Kuruaya, habitada pelos Kuruaya.

2007 

Homologação da T.I. Apyterewa, habitada pelos Parakanã.

2008 

Criação da Resex (Reserva Extrativista) Rio Xingu - Uso sustentável.

Homologação da T.I. Baú, habitada por Mebêngôkre/Kayapó e Mebêngôkre/Kayapó Mekrãgnoti.

Homologação da T.I. Panará, habitada pelos Panará.


2011 – Início da construção de Belo Monte

O início da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte foi marcada por muitos protestos e conflitos com a população da região.


2012 - Demarcação T.I. Xipaya

Homologação da T.I. Xipaya, habitada pelos Xipaya.


2013 - Xingu+

O Xingu+ é um espaço de alianças que tem o objetivo de promover intercâmbios e fortalecer as parcerias entre os povos do Xingu e seus aliados no desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis e a criação de estratégias integradas de gestão de seus territórios.

O primeiro encontro aconteceu em outubro de 2013, em Altamira (PA), com a presença de 100 pessoas, incluindo povos indígenas, ribeirinhos, pesquisadores, organizações aliadas e representantes do Governo Federal. A troca de experiências sobre os modos de vida de cada povo e as formas de gestão e proteção da Bacia do Xingu foram os principais temas abordados nessa edição.

Nesse encontro reconheceu-se a necessidade de criação de espaços de articulação entre os povos do Xingu a fim de estreitar alianças, construir parcerias e criar estratégias comuns de gestão do território.


2016 - Inauguração de Belo Monte

Inauguração da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

Homologação da T.I. Pequizal do Naruvotu, habitada pelos Naruvotu.

T.I. Ituna/Itatá, em identificação por Portaria nº 50, de 22/01/2016. Habitada por isolados do Ituna/Itatá.

Homologação da T.I. Cachoeira Seca do Iriri, habitada pelos Arara.

 


2017 - As novas fronteiras amazônicas

A migração dominante é intra-regional e, principalmente, rural-urbana. A expansão das frentes tem um forte componente de comando dirigido principalmente por madeireiros, pecuaristas e sojeiros. As frentes estão localizadas preferencialmente em torno das estradas - pavimentadas ou abertas por madeireiros e pecuaristas.



PALAVRAS CHAVE

Bem-vindo à
Rede Xingu+

Construída em tempo recorde, a usina de Belo Monte está
sendo construída sem licenciamentos exigidos por lei